quarta-feira, 10 de julho de 2013
Mutação
As crianças foram brincar
Para junto das janelas dos corredores da nave.
Colocaram as mãos na transparência dos vidros
Fecharam os olhos e calaram-se.
Os mais velhos de entre nós compreenderam.
Anotaram, então, a segunda mutação:
Elas sentem o crepitar do cosmos
E brincam em silêncio
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Fotossíntese
Quando a palavra árvore
Saiu da boca dos mais velhos de nós
Uma onda desconhecida de pesar
Percorreu o meu sangue
Despertou um saber escondido
E a filigrana das minhas veias
Sentiu as ondas desconhecidas de pesar
Dos corpos mais novos
E com tanta luz de tantos sóis
Os nossos olhos curiosos na procura
Dispersaram-se pelo espaço
E ficaram maiores
Anotaram então a primeira mutação
domingo, 7 de julho de 2013
Racional
Espontaneamente
deu-me medo o imperturbável silêncio do espaço.
Inquietou-me também a minha finitude,
Tantas estrelas, todas as estrelas…
A perceção humana não alcança o infinito,
Nem o tempo que falta para chegar.
Então, de que nos serve a vontade
Inquietou-me também a minha finitude,
Tantas estrelas, todas as estrelas…
A perceção humana não alcança o infinito,
Nem o tempo que falta para chegar.
Então, de que nos serve a vontade
Entranhas
A última
explosão de ódio
Foi há um
ano luz.Bastou o dedo no botão
Para percorrer um terço da galáxia.
Novamente estou em silêncio,
Todas as engrenagens funcionam perfeitamente
E através dos meus olhos observo
A verdade narcísica do escuro
quarta-feira, 3 de julho de 2013
A memória da íris
A viagem transpôs a última fronteira conhecida.
O Sol dos humanoides deixou de ser Rá.
Estes raios que raiam são agora de outra origem.
Todavia, na lembrança da retina,
É de Sol que vive esta luz
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